Vera e Clóvis Cacá e Cauê Afonso Alegria na janela O balão anuncia a festa de São João O quentão, preparado por Clóvis, esquenta a noite de São João Valentina e Clóvis Acende a fogueira O que restou da fogueira Banho de cachoeira para relaxar Família no banho A tradicional foto com familiares e amigos
Eu estava na África do Sul no período final da Copa de 2006. Andando por esse país, belo, rico, mas cheio de problemas, fiquei em dúvida se os sul-africanos poderiam fazer a festa do futebol mundial em 2010. Transporte urbano precário demais para melhorar substancialmente em quatro anos, o de lá, pensei. E a violência nas cidades, a ponto de um visitante ser alertado para não andar livremente? Em Pretoria, eu ia da universidade (muito boa, por sinal) para o hotel quando um estudante de Botsuana se ofereceu para me acompanhar. Era mais seguro caminhar com um negro. Até minhas corridas matinais em ruas e parques teve que ser sacrificada. Por outro lado, vi muita infra-estrutura de boa qualidade, com um sistema ferroviário mais consistente que o que resta do brasileiro. Em meio a tudo isso, minha avaliação era de que a África do Sul não parecia apta para sediar o mundial de futebol deste ano. Enganei-me.
Por isso, posso estar equivocado quando penso na tarefa quase impossível que vai ser dar condições ao Recife para se constituir cidade-sede da Copa de 2014. Não é pessimismo gratuito. Nosso sistema de transporte público, por exemplo, não merece confiança. Eu o testo de vez em quando, tomando ônibus (colaboração que dou para uma economia de baixo carbono). Faço-o em horários e roteiros mais convenientes. Mesmo assim, posso perceber o drama que é usar transporte público na Região Metropolitana do Recife (RMR). Converso com freqüência, a respeito, com meus alunos (tenho cerca de 100 na UFPE, atualmente). A maioria toma ônibus; alguns, o metrô. Aliás, que metrô, o nosso! Nunca vi mais lento. Sistemas muito mais antigos, como o de Glasgow – o primeiro a funcionar no mundo –, ganham do recifense em eficiência. Com a chuva da quinta-feira 17 de junho e o caos em que se transformou a RMR, os transportes entraram em colapso. O pai de uma estudante da UFPE saiu às 17h de sua casa em Piedade, nesse dia, para apanhar a filha e só conseguir chegar de volta à meia-noite. O Diario procurou captar o problema com a manchete de primeira página da edição de 18 de junho: “IMAGINE A COPA AQUI!” O período desse evento, lembremos, coincide com o das chuvas torrenciais na RMR.
Na verdade, o transporte é um problema grave, mas as dificuldades não se resumem a ele. Que alegria proporciona ser sede de jogos da Copa do Mundo quando a realidade humana da RMR revela tanta exclusão? Ninguém que vive nos seus condomínios cercados de segurança imagina o que sejam as perdas que sofrem comunidades da periferia recifense. Casas que ruem e matam pessoas. Bens destruídos, de quem só tem um mínimo para sobreviver. Os dramas ocorrem longe de nossas vistas. Porém, no noticiário de TV as lágrimas de vítimas das tragédias indicam o grau de sofrimento da população. Não é para essa gente que as políticas de aceleração do crescimento se voltam. Elas só fazem elevar os lucros de negócios que destroem o meio ambiente, expulsam comunidades e passam uma imagem de pujança exterior (caso de Suape, obsessão do governo do estado). Aliás, vai ser assim com a construção do estádio da Copa (já está sendo). Quem dá bola para o que pensam as pessoas que estão sendo expulsas da área em São Lourenço que vai se transformar numa arena esportiva? Nada disso tem importância; o que interessa é o espetáculo das obras de fachada luminosa, mas excludentes da população já marginalizada.
Em lugar de construir novo estádio, por que não escolher um dos três do Recife e melhorá-lo conforme as exigências (cabíveis) da Fifa? A intervenção necessária no entorno dos estádios existentes poderia ser minimizada criando-se um sistema de transportes que diminuísse sensivelmente a necessidade do automóvel (como se fez na Suíça) para a copa européia de 2008. Mas isso nos remete ao problema que nenhum prefeito do Recife até hoje soube resolver: o dos transportes da massa da população da cidade. Ruim? Não: péssimo.
Fiz o quentão com 6 litros de sumo de limão (120 limões galegos carnudos), 14 litros de Pitu, 1,2 kg de açúcar, gengibre, cravo e a canela foram da Fazenda do Tao. Passei duas horas nesse trabalho. Prefiro fazer tudo sozinho. Só peço que preparem a infra-estrutura. Depois de espremer o limão, com a ajuda de um velho espremedor manual, vou misturando a cachaça com o limão e experimentando. Depois boto o gengibre cortadinho e uma parte ralado, que espremo com um pano. É preciso provar. Tudo vai ao fogo de lenha, ao lado das panelas que estão cozinhando para um aquecimento lento. É preciso continuar provando...
Há 13 anos, no dia 13 de junho de 1997, Clóvis e Vera se encontram amorosamente, são 13 anos de viver, viver e viver... A Lulu de Olinda e Coronel Cavalcanti se completam no Tao...
A incrível LULU DE OLINDA e o internacional CORONEL CAVALCANTI
Lulu encontra seu homi No forró da Fundação Arrasta pé no salão Numa festa de São João
Vai pra lá e vem pra cá Ele num larga ela não Lulu diz quase sem ar: Isso aqui tá muito bão
Lá pras tantas do forró Coroné convita e sai Lulu nem sabe se é mió Mas aceita e segue atrás
Chegando lá no destino Com suco de Jenipapo Mas homi seu minino! Lulu caiu no seu papo
E quando raio o sol Lulu vê um alazão É Coroné Cavalcanti! E ela achou que era visão
No ninho de São Francisco Os dois pombinhos se espicha Embalados pelo mar Feito duas lagartixas
E a história continua São as façanhas da vida Vamos lá, conte a sua Que nós registra querida!...
LEMBRANDO SIMON MITCHELL Clóvis Cavalcanti Economista ecológico e pesquisador social
No dia 26 de março último, perdi grande amigo – Simon Mitchell, antropólogo inglês nascido em 1937. Através dele é que fiquei conhecendo Porto de Galinhas. Essa praia era completamente ignota no ano em que ele foi morar lá, 1965. Simon viera com a mulher, Fanny (economista), para a pesquisa de campo do doutorado em antropologia que fazia na London School of Economics. Tinha bolsa do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais (IJNPS) que, naquela época, podia fazer isso. A partir de novembro de 1965 o casal se mudou para Porto de Galinhas, um vilarejo de 123 casas, com população de cerca de 700 pessoas vivendo em torno da pesca. Sítio ideal para trabalho etnográfico. No local Simon morou até junho de 1967. Na sua chegada, a primeira providência foi dotar a casinha (era só o que havia ali), alugada, de um mínimo de infra-estrutura. Num lugar sem luz elétrica e água encanada, um britânico que se graduara em Oxford (a mulher também, filha de professores de lá) precisava de, pelo menos, um banheiro decente. Foi o que ele construiu, além de pequena reforma no imóvel. Na primeira vez que foi ao sanitário, porém, Fanny jogou papel higiênico na privada, como se faz na Europa, criando um problema de imediato. A descarga não fez descer o que devia, sendo preciso refazer o sistema. Mas isso não atrapalhou o laço afetivo que o casal criou com uma Porto de Galinhas que parecia idílica. Conheci-a nessa ocasião. Os veranistas que lá iam ocupavam meia dúzia de casas, todas sem eletricidade. As noites eram momentos de extrema satisfação para ver estrelas, tomar banho de mar e admirar pontos cintilantes na água (quando estávamos dentro dela) que mostravam o vigor biodiverso da área: as luzinhas eram do plâncton, primeiro elo da cadeia alimentar marinha, hoje difícil de encontrar no mesmo local. Gilberto Freyre e o antropólogo Roberto Motta conheceram Porto de Galinhas pouco antes de mim. Colheram impressão muito positiva. Não era fácil o acesso de carro ao vilarejo. Tínhamos que seguir uma estrada de areia com risco de atoleiro em alguns pontos. No entanto, havia uma abundância incrível de frutas na região – cajus de várias cores, formas e tamanhos; mangas de extrema doçura, carnudas; mangaba, cajá, jambo, sapoti, maçaranduba; uma variedade vegetal admirável. Sem contar os peixes capturados por uma população trabalhadora que parecia feliz. Estive em Porto inúmeras vezes, admirando seus manguezais, tomando banho de mar, comendo peixadas ótimas. A luz elétrica, salvo pela cerveja, não fazia falta. Pelo contrário, tornava as noites mais envolventes. Quando tudo isso ficou ameaçado e quase desapareceu, em virtude dos novos usos dados ao lugar (sem nenhum cuidado quanto ao equilíbrio ambiental), afastei-me de Porto de Galinhas. Vejo-a, desde 1995, apenas de avião, quando passo por lá em minhas viagens aéreas. A mesma sensação de mal-estar me ocorre quando sobrevôo Suape, Muro Alto, todo o litoral pernambucano. Como é possível deixar que uma riqueza incalculável como essa que herdamos de milhões de anos de evolução da natureza e de eras geológicas de desenvolvimento do ambiente físico se desfaça num piscar de olhos – para sempre, de forma irreversível? Contra o que as idéias relativas ao complexo portuário industrial de Suape estavam promovendo protestei em 1973. Foi através da revista mensal pernambucana Confidencial Econômico NE, número de outubro daquele ano. Em 1975, redigi um manifesto, depois subscrito pelos ilustres membros da ciência pernambucana Vasconcelos Sobrinho, Nelson Chaves, José Antônio Gonsalves de Mello, Renato Carneiro Campos, Renato S. Duarte e Roberto M. Martins. Nesse longo documento, publicado pelo Diario em 6.4.1975, era feita uma crítica do que as obras anunciadas iriam promover em termos de destruição socioambiental. O que se denunciou então aconteceu. O que o governo dizia que ia acontecer, não. Faz pena ver agora o cenário que meu amigo Simon Mitchell me levou a conhecer há 45 anos.
No dia 5 de abril de 1975, um sábado, o semanário Jornal da Cidade (ano II, no 24, 6-12.4.75), do Recife, hoje extinto, trouxe enorme manchete de capa, com os dizeres: “CIENTISTAS LANÇAM MANIFESTO CONTRA O COMPLEXO DE SUAPE”. O Manifesto, redigido por Clóvis Cavalcanti, é este que vai a seguir
A propósito de Suape
Tem-se firmado como tradição do estilo recente de promover o desenvolvimento econômico – que se entende como aumento da renda per capita -, o lançamento pelo governo de grandes projetos de sua iniciativa, que as autoridades presumem consultar o interesse público e julgam satisfazer as aspirações da população, sem que uma consulta à última seja efetivamente realizada. Esta é uma regra quase universalmente seguida, cuja validade não tem sido – a não ser em casos excepcionais – posta em dúvida. Isto não impede, todavia, que pessoas interessadas e grupos de indivíduos manifestem sua opinião a respeito de tais projetos e empreendimentos, reagindo contra a pretensão de transformar em verdade indiscutível a tradição autocrática de não fazer a confecção de grandes projetos ser precedida de consulta às aspirações da coletividade. Estas considerações vêm a propósito do intento do governo de Pernambuco de implantar a todo custo, em sítio privilegiado do estado, um complexo industrial portuário, o Projeto de Suape, cuja elaboração tem avançado no sentido da realização da obra sem que atenção devida seja dada às vozes que manifestam oposição à iniciativa.
Pois bem, parece oportuno tornar público agora que a idéia de realização do complexo industrial portuário de Suape não é aceita pacificamente por todos os cidadãos que, além de pagar impostos, se sentem responsáveis pela elucidação de aspectos de interesse vital para a vida da população pernambucana. E não se trata, por outro lado, de mera reação suscitada por interesses feridos, a desses cidadãos preocupados com o bem-estar comum. O que há de relevante a examinar no que toca a Suape são variáveis que envolvem, inclusive, uma apreciação baseada em critérios puramente econômicos, dentro do figurino do mais rigoroso raciocínio analítico, da significação em termos sociais do projeto.
Em primeiro lugar, seja dado o destaque, ao decidir levar a cabo a idéia do complexo, o governo tomou decisões quanto à alocação de recursos em Pernambuco que implicam em se recusarem muitos projetos menores, iniciativas em setores e regiões diversas do estado, cuja necessidade de suporte econômico-financeiro conflita irrecusavelmente com os requisitos de Suape. Com efeito, a crer nas próprias informações do governo pernambucano, o total de investimentos previstos para o complexo envolvendo recursos públicos e privados, é da ordem de três bilhões de dólares[1], ou seja, cerca de 23 bilhões de cruzeiros[2], cifra que é mais da metade dos fundos que se investirão, no período 1975-79, no colossal Programa de Industrialização do Nordeste e quase oito vezes mais que os recursos consignados ao Polonordeste nos anos 1975-77, ambos de iniciativa federal e considerados projetos-impacto. É ocasião então de perguntar: que razão de benefício-custo ou que taxa interna de retorno norteou a decisão do governo de Pernambuco, ou para ser menos sofisticado, que grandeza da relação capital-produto serviu de marco de referência para Suape? Se algum parâmetro dessa natureza foi usado – e não se concebe procedimento de outra forma, pois se este fosse o caso, perderia seriedade qualquer escolha envolvendo massa tão formidável de recursos sabidamente escassos –, que alternativas serviram para a decisão tomada? Isto é, dado que Suape implica numa certa configuração do destino concebido para alocação de recursos, é de se esperar que o governo haja contemplado caminhos alternativos, configurações alternativas para o uso dos recursos envolvidos, de tal modo que, pesando benefícios e custos das diversas rotas por que poderia optar, resolveu, avaliando através de coeficientes técnicos relevantes, seguir o caminho de Suape. Indaga-se: o governo fez isto? Certamente que não, parece ser a resposta, tal a maneira quase histérica com que se fala do projeto, anunciando-se tão só suas vantagens, sem nenhuma alusão àquilo que os economistas em seu esoterismo vocabular classificam de “custos de oportunidade”.
Esquecendo o aspecto acima, seria admissível transformar Suape em complexo industrial portuário, se não fosse possível conceber para o local utilizações alternativas e se não houvesse a opção para o que ali se encontra. Assim, de um prisma estritamente econômico, a decisão do projeto continua controvertida, na medida em que Suape permite imaginar outros usos para sua feliz dotação de beleza natural e de outros recursos para o lazer, além de ser sítio histórico do maior interesse. A idéia do turismo, por exemplo, vem de imediato à mente quando se pensa em aproveitar recanto de tão comovente harmonia estética. Uma rigorosa avaliação não poderia indicar relação benefício-custo mais alta no caso do turismo do que no do complexo imaginado? Esta é uma indagação de cuja objetividade não se pode escapar e que deveria, para ser aceita a decisão do projeto em andamento, ter sido pesada e confrontada com a obsessão em que se transformou a implantação do parque industrial e pólo portuário de Suape. Afinal de contas, vai se permitir que o governo sacrifique um número incalculável de projetos de menores dimensões, mas de alcance social talvez maior, investindo formidável e maciçamente numa obra que pode até – se faltarem fundos em instantes críticos – terminar como um dos mais conspícuos elefantes brancos da megalomania algo irresponsável de tantos exemplos da atividade governamental no Brasil? Suape como projeto é muito mais do que simples distrito industrial, do que um açude ou um empreendimento da agro-indústria. Vale a pena meditar cuidadosamente, pois, nos retornos totais e nos custos completos – diretos e indiretos, sociais e privados – da iniciativa. Vale a pena também refletir no fato de que os possíveis empreendimentos que se dizem atraídos por Suape são fruto de entendimentos verbais com grandes grupos multinacionais, e que esses entendimentos não necessariamente resultarão em inversões. Deformando-se a paisagem com obras de infra-estrutura que transformarão Suape em feio canteiro de obras e que eventualmente poderão não ter utilidade, se os investimentos não forem cristalizados, ter-se-á cometido o crime irreparável de deformar a paisagem e profanar um sítio histórico – tudo isso em vão.
Toda a viabilidade do empreendimento, aliás, arrima-se em análises pouco cuidadosas, conforme transparece de detido exame do material preparado pelo consórcio responsável pelos estudos de base do projeto, sob a liderança da TRANSCON. De fato, o grupo técnico que definiu em documento para a DIPER a viabilidade de Suape buscou amparar-se em instrumentos metodológicos de rigor bastante discutível, usando para projeções que atingem até o ano 2005 hipóteses cuja solidez é frágil e cuja confiabilidade não merece respeito. Dessa forma, pairam dúvidas enormes, de natureza técnico-econômica, acerca da comprovação de que o Projeto de Saúde é viável. Basta mencionar a esse propósito, que as projeções de demanda que lastreiam a recomendação de quais indústrias localizar no complexo padecem de erros analíticos e que as previsões relativas ao comércio internacional não são visceralmente ligadas a estudos sérios que caracterizem perspectivas realísticas para o intercâmbio de bens e serviços em escala mundial nos próximos 25 anos. Na verdade, especular sobre tendências deste jaez não tem sido tarefa que, mesmo aos mais argutos observadores da conjuntura internacional – gente do porte de Kindleberger, Triffin ou Haberler –, tenha proporcionado gratificação intelectual, haja vista as inesperadas mudanças decorrentes da crise de abastecimento de petróleo desde outubro de 1973. Neste ínterim, incidentalmente, mudaram inclusive parâmetros essenciais da própria concepção original do Projeto de Suape, de que é exemplo a reabertura do canal de Suez, um elemento com que não contavam arautos das primeiras manifestações a favor do complexo.
Para aparelhar Pernambuco de porto satisfatório existe a alternativa, considerada inclusive nas recomendações do tantas vezes lembrado Padre Lebret e que com o passar do tempo vai se tornando cada vez menos viável, de ampliação e modernização do ancoradouro do Recife, uma opção que interferiria, é certo, com o tumultuado processo de desenvolvimento urbano da capital pernambucana, alterando algumas das referências atualmente utilizadas. Esta interferência, entretanto, teria um custo social provavelmente inferior ao de semelhante emprego de capital no caso de Suape.
Diz-se, por outro lado, que o complexo é defensável por oferecer uma senda segura para o insatisfatório grau de desenvolvimento de Pernambuco. Mas por que só entra Suape na concepção de um programa de expansão econômica efetiva para o estado? Se convenientemente aproveitadas as vantagens turísticas pernambucanas – a cidade de Olinda, o Recife mesmo, Nova Jerusalém e as praias da costa estadual vêm de pronto à memória –, poder-se-iam, quiçá com bem menor volume de recursos, lograr êxitos na trilha do desenvolvimento mais notáveis do que com um projeto de Suape de sucesso imprevisível.
Uma palavra por outro lado para o admirável cenário, verdadeiro patrimônio artístico, que a natureza ergueu em Suape. Pode se apodar de romântica a posição, mas o fato é que, se não houvesse outra escolha econômica para o local em questão a não ser o porto e se os recursos que este envolve estivessem efetivamente sendo otimizados nesta utilização comparativamente com qualquer outra, ainda caberia discutir a sabedoria de se alterar irreversivelmente a paisagem de que Suape foi dotada. Permitir que no sítio escolhido se construa um porto e um complexo de fábricas implica em perda definitiva de uma riqueza que faz parte do acervo de Pernambuco. Isto, em qualquer raciocínio analítico, representa um custo. Lamentavelmente, sua exata magnitude não pode ser aquilatada, de modo a que uma decisão calcada em método ortodoxo de quantificação possa ser tomada. Não obstante, é lícito especular sobre se os benefícios esperados no longo prazo superarão com tranqüila margem aquilo que se estima serem os custos decorrentes do sacrifício que se imporá à paisagem – para não trazer à baila problemas igualmente relevantes relacionados com a poluição do meio ambiente que grandes projetos industriais inevitavelmente acarretam. Podem os autores do estudo de viabilidade de Suape alegar que foi considerada a questão do turismo, que o projeto reservou uma área para tal etc. Mas, conhecendo-se a experiência dos sítios industriais no mundo inteiro e lembrando-se como se apresentam suas áreas vizinhas, cinzentas e deformadas, pode-se esperar que Suape seja capaz, de fato, de oferecer ambiente para o lazer – como acontece admiravelmente agora e como ocorreria na hipótese da solução turística? Não é só Suape que pagará, em termos de mutilação do meio ambiente e de deterioração da qualidade da vida, por conta do complexo que se deseja irrefletidamente, no sentido aqui comentado, instalar ali. Todo um conjunto de recantos preferidos por uma população que se descobre asfixiada no ambiente despojado de locais de finalidade recreativa do Recife serão também sacrificados, numa proporção cujos contornos certamente se ignoram no momento. A esse propósito, parece oportuno sugerir que o governo pernambucano siga o bem sucedido e pouco divulgado exemplo do governo do Rio Grande do Sul, o qual concebeu e implantou o Parque Estadual da Praia de Torres à base de um projeto de Burle Marx que, harmonizando inteiramente o cenário local com as inevitáveis necessidades de infra-estrutura, criou ambiente de grande atração turística e lazer.
Não se ponha de lado, por último, a significação histórica de Suape, tão pouco enfatizada nos raros debates que sobre o projeto têm ocorrido à luz da opinião pública. Ainda hoje são freqüentes os achados arqueológicos de indiscutível importância que têm sido feitos no local, peculiaridade que por si só deveria levar ao tombamento da área como parte do patrimônio que a história da epopéia pernambucana nos legou.
Tudo isso exige que se tome uma posição. Que se denuncie a fragilidade de um planejamento exclusivamente voltado para a promoção tacanha da produção de mercadorias e da renda per capita, não importando que custos a sociedade está pagando por esse esforço orientado pela busca apenas de maior bem-estar material. Que se considerem a experiência e sobretudo os equívocos cometidos pelos países já industrializados e que hoje lamentam a tomada de certas decisões pouco sábias, inclusive e principalmente no que se refere à detestada e combatida poluição do meio ambiente. Agora mesmo, quando o Brasil protesta de forma uníssona e veemente diante da tentativa – felizmente frustrada – do governo finlandês de jogar uma carga de arsênico em forma de lixo no Atlântico Sul, convém que se enfatize o perigo que é para nosso mar a instalação de fábricas gigantescas de fertilizantes e de alumínio junto à costa pernambucana, a lançar continuamente seus excrementos industriais em águas que ora são admiradas por uma festejada e cada vez mais rara pureza. Ainda é tempo de se reformar o esquema de Suape. Assim, nada mais justo que o governo se disponha a abrir o debate técnico em torno do complexo, de modo a que a responsabilidade daqueles que antevêem os ônus que recairão sobre a sociedade em decorrência da efetivação da obra possa ser resguardada. E que se evite o ufanismo oficial pouco sadio que chega a proclamar Suape como empreendimento irreversível, numa tentativa de fazer com que a população o aceite sem oposições, como fatalidade do crescimento econômico – que não é.
Clóvis Cavalcanti, diretor do Departamento de Economia do Inst. Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais
Renato S. Duarte, Professor do Mestrado em Economia e da Faculdade de Ciências Econômicas da UFPE
Roberto M. Martins, Coordenador do Curso de Mestrado em Sociologia da UFPE
Nelson Chaves, Professor Titular da Faculdade de Medicina da UFPE
José Antônio Gonsalves de Mello, Professor Titular de História da UFPE
Renato Carneiro Campos, Diretor do Departamento de Sociologia do Inst. Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais
João de Vasconcelos Sobrinho – Chefe da Estação Ecológica de Tapacurá e Titular da Disciplina de Ecologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco
[1]Segundo Governo Eraldo Gueiros Leite, Assim Servi a Pernambuco, Recife, março de 1975, p. 19.
[2]Não se sabe a que período os gastos se referem, nem tampouco qual a base dos preços utilizada, mas acredita-se que esta seja de preços de inícios de 1975.
livro em homenagem aos 80 anos de Clóvis Cavalcanti
CLÓVIS CAVALCANTI: ECONOMISTA ECOLÓGICO DO NORDESTE DO BRASIL PARA A SUSTENTABILIDADE DO PLANETA
Clóvis Cavalcanti em Audiência com o Papa Francisco
Clóvis Cavalcanti e sua conversa com o Papa Francisco sobre a Carta Encíclica do Sumo Pontífice - "Laudato Si´" (Louvado Sejas) e a Economia Ecológica. E sobre a ISEE - Sociedade Internacional de Economia Ecológica. Vaticano, 23.11.2016
Clóvis Cavalcanti é economista ecológico, escritor, professor da Universidade Federal de Pernambuco, pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, presidente de honra da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica (EcoEco), presidente eleito da ISEE (Sociedade Internacional de Economia Ecológica)
Clóvis Cavalcanti eleito presidente da ISEE - jan 2016
Professor Clóvis Cavalcanti, sócio do Centro Celso Furtado, foi eleito presidente da Sociedade Internacional de Economia Ecológica (ISEE - www.isecoeco.org ). Concorreu com David Barkin, México, Que em 2012 Participou de mesa em Congresso Internacional do Centro Celso Furtado.
15th congress ISEE
15º Congresso Internacional da Sociedade de Econômica Ecológica. Puebla, 10, 11 e 12 de set 2018 - México
Clóvis Cavalcanti
Born in 1940, Clóvis Cavalcanti is a Brazilian ecological economist living in Olinda and working in the Recife area, Brazil. He is also an organic farmer since 1976, and an environmentalist. He taught ecological economics at the Federal University of Pernambuco and retired as an Emeritus Researcher from the Institute for Social Research, the Joaquim Nabuco Foundation. He was visiting professor at various universities including Vanderbilt (USA), La Trobe (Australia), Cuenca (Ecuador), Oxford (Britain), and the University of Illinois at Urbana-Champaign (USA). He has been a member of the scientific council of the Institute of Integral Medicine of Pernambuco (Recife) and of the Consultative Council of the Celso Furtado International Center for Development Policies in Rio. He is a founding member of the International Society for Ecological Economics (ISEE) and its present President for 2018-2019. He is also a founder and honorary president of ECOECO (the Brazilian Society for Ecological Economics). He has had assignments in the board of directors of ANPPAS, the Brazilian Association of Research and Graduate Studies on the Environment and Society, and in the board of CLACSO, the Latin American Social Sciences Council (Buenos Aires). He has pioneered work on patterns of sustainability in the Americas, comparing the US and Amerindian lifestyles. He has written and published regularly since the late 1960s in peer-reviewed journals. He is the author, co-author or editor of 12 books, including The Environment, Sustainable Development and Public Policies: Building Sustainability in Brazil (2000). He introduced the concept of ethnoeconomics during his visiting professorship at Oxford in 2000, publishing a paper on the subject in Current Sociology, Jan. 2002. He has done work on the role of traditional ecological knowledge in development, and on environmental governance. He collaborated in the preparation of Angola’s 2005-2025 development strategy, introducing a proposal (adopted) for a wealth fund based on oil royalties for use in perpetuity. He has written on alternative development paths and their policy requirements since the mid-1980s. In 2012-2013, he did work in Bhutan’s International Expert Working Group which contributed to a report submitted by the Bhutanese government to the UN. In December 1968 he gave a speech in Recife at a graduation ceremony under the title “Economics and human happiness: a quasi-philosophical essay”.
Foto em Thimphu (Butão) com o Rei, a Rainha e o Primeiro-Ministro do país. No grupo, de experts convocados para tentar propagar o paradigma butanês de desenvolvimento, baseado na felicidade, na simplicidade e no equilíbrio de todos os seres, há pessoas de 16 países. Suas Majestades estão na fileira de cima. Dia 1º.2.13.
Palestra blá blá blá
Meu tempo...
Homenagem dos amigos da Fundaçao Joaquim Nabuco
Meu Tempo
por Clóvis Cavalcanti
Meu tempo é feito de flamboyants floridos com suas cores vitais e seus múltiplos chamamentos. Meu tempo é feito do aroma doce que sai do amarelo cantante das acácias. Meu tempo é feito das mangueiras tropicais com seus frutos pingentes, de árvores de Natal, que não permitem que se desista da vida e da beleza completa do mundo natural. Meu tempo é feito dos sorrisos precoces, dos cumprimentos vespertinos, da brisa que sopra carinhosamente nas tardes rosadas de dezembro. Meu tempo é feito de amizades que não têm fronteiras e se expandem infinitamente em todas as direções e por todas as eras. Meu tempo é feito de expectativas reais com suas formas antevistas e suas concretizações imprevisíveis. Meu tempo é feito de uma louca busca, de uma brincadeira imensa, sem espaço para as reflexões racionalistas. Meu tempo é feito de desejo de doação sem visar lucro ou retorno – vontade visceral de ofertar um amor gratuito. Recife, dez. 1982
Poesia infantil
Renata de 9 anos é filha da aluna de Clóvis, Cibelle, que em plena aula sobre Sociedade e Meio Ambiente fez esse poema. Ufpe jul 2010
Semana Meio Ambiente e Clóvis
Homenagem a Clóvis Cavalcanti, na Semana do Meio Ambiente, em seminário promovido nos dias 4 e 5 de junho de 2009 pela Diretoria de Pesquisas Sociais da Fundaj.
Livro: Manuel Correia de Andrade - um homem chamado Nordeste
Clóvis Cavalcanti, Lêda Rivas e Jacques Ribemboim - organizadores do Livro
Lançamento do livro na Academia Pernambucana de Letras - 19 de junho de 2008
Este livro reúne textos de amigos, ex-alunos, colaboradores, admiradores de Manuel Correia, cada um oferecendo a sua visão do mestre.
CORRER, CORRER, CORRER Clóvis Cavalcanti
Correr, correr, correr, / agarrado ao vento do verão, / sob o sol claro de dezembro, / sem medo de arrastar todas as multidões. / Correr, correr, correr / e, enquanto correr, / abrir os braços e cantar
para a platéia aturdida / dos que são apenas assistentes. / Tirar o sapato, o calção; / tirar a roupa; / tirar o pensamento pesado; / tirar o juízo, a falta de imaginação. / E espantar os astrais sombrios, / as desesperanças, / as destemperanças, / as decepções, / os dias de agosto, / os dias de desgosto. / Correr, correr, correr, / no meio das estradas sem começo e sem fim; / sem parar em porteiras / e sem dar a vez a carros e a motoristas / embrutecidos pelos motores a explosão. / Correr, correr, correr / e, enquanto correr, / olhar para as moças de todas as manhãs, para os homens das madrugadas boêmias, para os meninos do amanhecer lúdico. / Correr, correr, correr, / resistindo à fumaça venenosa / das incompreensões adultas. / Correr nos bosques de cajueiros, / de flores e borboletas / das florestas essenciais. / Correr à beira-mar. / Mas correr sobretudo à beira-amar. / Amar, amar, amar. / Correr, correr.
1956 - Colégio Nova Friburgo
Conclusão do ginasial
Antiga usina Frei Caneca
Local da infância de Clóvis - jan 2008
POEMA AUTOBIOGRÁFICO - Clóvis Cavalcanti
Sou um produto inacabado de mim mesmo, nascido no verão às 8 horas, em um dia 8 do mês 12 do ano 40 – tantos oitos e múltiplos de oito!
Nasci e cresci no mato, rodeado de canaviais – herdeiro de uma história de engenhos, de açúcar, cachaça e rapadura; herdeiro de Cavalcantis, Bandeiras de Melo, Carvalhos, Aguiares e Vasconcelos.
Nasci e cresci ouvindo histórias de família mestiça, produzida por índios, italianos e portugueses (africanos deve ter havido, menos), de avô plantador de cana arruinado pela Grande Depressão.
Sou menino de usina, da bagaceira onde brincava, embolando nos montes de cana moída fermentando, açucarada e negra, para virar adubo.
Menino do mato, vivi uma vida de brincar com barro, subir em árvores e observar os peixes do rio Fervedouro, que corria junto de minha casa (enquanto espiava meninas nuas se [banhando).
Algumas vezes, o rio enchia e eu admirava aquela água barrenta descendo, impetuosa. Na Quinta-feira Santa, secavam a Tomada e o rio Fervedouro era um formigueiro de gente com balaios, redes e manzuás pescando piaba, traíra e aruás.
Depois seguia o inverno, eram meses silenciosos, a chuva caindo em lindas poças – poças largas, que pareciam grandes demais para o menino que espiava pingos caindo, formando ondas múltiplas. Depois vinham as libélulas para mergulhar na água empoçada.
Ah! O inverno em Frei Caneca, friozinho, úmido, lamacento. Só havia luz para a vila até 22 horas, mas na nossa casa nunca apagava. Casa grande, com muitos quartos, amplos alpendres, quintal, jardim, tantas mangueiras e o rio Fervedouro, proibido de tomar banho devido ao [schistosoma.
Esses foram anos de encanto, de brincadeiras infantis, de descobertas e uma vida mansa. Meu pai, austero, sempre de gravata, trabalhava, trabalhava, trabalhava. Tinha histórias freqüentes para contar – de fornecedores, de usineiros, de operários, de camponeses, de coisas e impostos a pagar.
Ah! Meu pai, homem sério, duro e honesto. Honestíssimo. Deu a vida à usina, que tirou das dívidas, incertezas e medos pós-Grande Depressão.
Minha mãe ficava em casa e era também Agente do Correio. Fazia sempre doces, muitos – de leite, de batata-doce, goiaba, banana –, fazia bolo-de-rolo, souza-leão e pão-de-ló de que meu pai gostava. Não faltava bom licor de jenipapo e outros mais, conseguidos nessa faina doméstica com a ajuda de tantas Marias (a de Seu Zé Estribeiro era uma), Zé Bodinhos, Helenas, Leopoldinas, também por Geraldo, que trazia a água, e um homem que mexia os tachos de doce.
Infância luminosa, calma, devagar, na companhia de irmãos sempre a nascer (foram dez), na companhia da avó Iaiá, que vinha de vez em quando, e da longeva bisavó Madrinha. Só conheci um avô querido, morto cedo, aos 56 anos (o outro foi-se antes que eu nascesse).
Queria ter tido avôs, pais mais macios como são os avôs, com quem fosse passear e andar a cavalo, como fazia comigo Vovô Arquimedes no seu belo corcel negro. Mas não tive avôs.
Meu pai nos levava a passear nos dias de domingo. Andávamos na usina, subíamos nas moendas e caldeiras, íamos à Tomada, caminhávamos pela estrada de Maraial, onde colhíamos mal-me-queres e tabicas que nunca dispensávamos (o centenário velho Ricardo sempre nos trazia algumas de ótima confecção).
As lembranças são doces, Claras, cintilantes – de meu tempo de [menino. Nada se compara a uma infância que valha a pena recordar. A minha na Usina Frei Caneca!
Serra do Espelho, da Usina Frei Caneca
Clóvis na Serra do Espelho, em jan. 2008
Clóvis Cavalcanti
Nascido na Usina Frei Caneca, município de Maraial, Pernambuco, em 8.12.1940. Criou-se entre canaviais. O pai era contador da usina e a mãe, agente do Correio. Não teve curso primário regular. Aprendeu a ler em casa. Freqüentou escolas públicas e fez o último ano com padres salesianos de um internato em Frei Caneca, onde foi aluno externo. Fez o curso secundário (1952-1959) no Colégio Nova Friburgo (uma escola leiga da Fundação Getúlio Vargas, em Nova Friburgo, Estado do Rio), como interno. Estudou ciências econômicas na Universidade do Recife (1960-1963). Teve como paraninfo Manoel Correia de Andrade e como patrono da turma Caio Prado Júnior. Estagiou na Sudene convivendo com Celso Furtado, Chico de Oliveira, Luís de Vasconcelos e outros. Pós-graduação no Centro de Aperfeiçoamento de Economistas da Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, janeiro-agosto de 1964. Aí estudou com Mário Simonsen e assistiu a palestras de Nicholas Georgescu-Roegen, pai da economia ecológica. Mestrado de economia na Universidade de Yale, Estados Unidos (de setembro de 1964 a junho de 1965). Conviveu aí com James Tobin, Prêmio Nobel de Economia de 1988, e Celso Furtado, que estava exilado como professor visitante em Yale. Foi levado para Yale pelo prof. Werner Baer. Contra a vontade deste, decidiu não fazer doutorado em Yale por considerar que o melhor doutorado seria o da vivência com a realidade do Brasil e por discordar do conteúdo da teoria econômica ensinada nos Estados Unidos. Trabalhou em seguida no Comitê dos Nove, na União Panamericana (Organização dos Estados Americanos – OEA), entre junho e setembro de 1965, levado pelo prof. Carlos Díaz-Alejandro. Conviveu aí com Hollis Chenery e Rômulo de Almeida.Entrou na Sudene em setembro de 1965, convidado pelo superintendente-adjunto, seu ex-professor, Fernando Mota, para integrar a equipe do Grupo do Vale do Jaguaribe, trabalhando com franceses (de set. 1965 a abril de 1967). Ingressou também na Universidade do Recife, depois Federal de Pernambuco (UFPE), e na Universidade Católica de Pernambuco em setembro de 1965. Em outubro de 1967, entrou no Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais (IJNPS) e na Faculdade de Ciências de Administração da Fesp (Fundação do Ensino Superior de Pernambuco, depois Universidade de Pernambuco – UPE). Em outubro de 1970, renunciou a todos os empregos para ficar em dedicação exclusiva na UFPE, onde havia participado da fundação do Pimes (mestrado de economia). Em janeiro de 1973, passou a trabalhar apenas no IJNPS, como pesquisador e diretor do Departamento de Economia, voltando a conviver com Gilberto Freyre. Deu aulas na UFPE em 1974-1975, havendo organizado na graduação de economia, no segundo semestre de 1975, o primeiro curso regular de economia do meio ambiente do Brasil. Depois disso, dedicou-se somente à pesquisa no IJNPS, que virou Fundação Joaquim Nabuco em junho de 1980. Passou a dirigir o Instituto de Pesquisas Sociais da Fundação, cargo em que ficou até fevereiro de 2003 (com breve interregno entre março e julho de 1986). Aposentou-se em dezembro de 2010, às vésperas de completar 70 anos. Mas foi eleito pelos colegas para diretor da área de estudos do meio ambiente no Instituto de Pesquisas Sociais da Fundação Joaquim Nabuco, daí saindo em dezembro de 2013 e recebendo o título de Pesquisador Emérito. Eleito Presidente de Honra da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica (EcoEco), da qual foi fundador, em 2011, tornou-se Presidente-Eleito da International Society for Ecological Economics (ISEE), de que é fundador, em 2016, assumindo a presidência efetiva da entidade para o período 2018-2019. Nessa condição, presidiu o XV Congresso da ISEE em 2018 em Puebla (México). Trabalhou na elaboração da estratégia de desenvolvimento de Angola para 2003-2025 e no estudo do governo do Reino do Butão para a ONU sobre a filosofia da Felicidade Nacional Bruta (GNH, em inglês) desse país do Himalaia, em 2012-2013. Sua participação nesses trabalhos foi sempre na ótica da Economia Ecológica, visando a promoção de um desenvolvimento que significa, na essência, prosperidade sem crescimento.
Formatura em Economia
Ufpe, 1963
Avô Arquimedes
1938, Arquimedes Vasconcelos, com os filhos Lauro e Glauro, Gisonita Nilza (Nitinha), Mirtes Dalva e Candida